terça-feira, 28 de junho de 2011

Caminho que leva a vida é estreito e apertado

Evangelho segundo S. Mateus 7,6.12-14: «Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda que eles as calquem com os pés, e que, voltando-se contra vós, vos dilacerem”. «Assim, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles, porque esta é a lei e os profetas”. «Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que conduz à vida, e quão poucos os que acertam com ele!”.
Anteriormente, Nosso Senhor havia recomendado que amássemos nossos inimigos e fizéssemos bem mesmo a quem nos aborrece e nos faz mal. Mas agora adverte-nos para não darmos o que é santo aos “cães” e nem cedamos nossas “pérolas” aos “porcos”.
Nosso Senhor explica que devemos amar os nossos inimigos e socorrer-lhes com nossos bens materiais, mas não com bens espirituais, porque eles são nossos semelhantes quanto à natureza, mas não enquanto à fé. Pois Deus concede os bens materiais igualmente aos dignos (justos; puros) quanto aos indignos (injustos; impuros; imorais), porém não procede assim quanto às graças espirituais.

 É bom compreendermos o que Nosso Senhor dá a entender, aqui, por santo, pérolas, cachorros e porcos.

Santo é tudo aquilo que não é lícito adulterar e de cuja infração se considera culpável a vontade. Santo é, por exemplo, o batismo; a graça que se recebe na Sagrada Comunhão, o matrimônio, e em geral em todos os sacramentos da Santa Igreja.
Pérolas são todos os bens (ensinamentos, as verdades) espirituais de maior estima aos quais não devemos desprezar. Por exemplo, honrar pai e mãe; não mentir; ter em maior estima a prática da virtude do que as riquezas, etc. Assim como as pérolas, quando estão nas conchas, localizam-se no fundo do mar, também os ensinamentos divinos encontram-se na Sagrada Escritura. Para quem possui boa intenção e recebe a graça do entendimento, as verdades reveladas aparecem em todo seu fulgor e orienta para uma vida conforme a vontade de Deus. Mas para quem não tem boa intenção, os insensatos, é melhor que as ignorem porque não as entenderão ou delas farão um uso inadequado.
Cachorros são aquelas pessoas que combatem a verdade e perseguem quem a pratica realmente, tal como os cachorros mordem e arruínam a quem mordem. Então essas pessoas designadas de cachorros são as que, na medida de seu alcance, se esforçam para destruir quem procede segundo a verdade.
Porcos são os que menosprezam a verdade. Os porcos não têm instinto de morder como os cachorros, entretanto sujam (emporcalham) tudo! São as pessoas que vivem encharcadas nas complacências impuras da vida.

Enfim, por cachorros deve-se entender as pessoas inteiramente imundas tanto quanto às verdades de fé quanto aos seus atos: são os ímpios. E como porcos deve-se entender as pessoas que conheceram a verdade e dela se afastaram, dando-lhe formulações inadequadas ou errôneas, para satisfazer algum capricho pessoal. São os hereges, declarados ou ainda camuflados com “pele de ovelha”.

Em seguida, Nosso Senhor acrescentou: “Pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á” (Mat. 7, 7-8).
Sem o auxílio da graça divina não se consegue alcançar a verdadeira ciência da Sagrada Escritura. Por isso, somos aconselhados e encorajados a pedir, por meio das orações; a buscar, por meio dos desejos e da perseverança; e a bater (chamar), por meio do bom comportamento na vida e através das boas obras.
Aos animais (irracionais) Deus dotou com todos os recursos necessários para satisfazer as suas necessidades de sobrevivência. Para o homem (animal racional), entretanto, Deus dispôs de tal forma que ele só conseguirá alcançar tudo o que requer sua natureza somente com o auxílio de Deus. E isto Ele fez a fim de que, obrigado por sua fraqueza, o homem peça sempre a Deus tudo quanto possa necessitar.
Assim sendo, devemos sempre pedir, para alcançar; depois buscar, para encontrar; e tendo encontrado, guardar e praticar para entrar na vida eterna, pois está prometido que a porta do Céu nos será aberta.
Ou seja, pedimos, rezando; buscamos, vivendo bem; e chamamos, perseverando nos bons propósitos. O que conseguiremos certamente, se recorrermos filialmente à mediação da Santíssima Virgem.


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